Óleo de cozinha pode virar biocombustível

O descarte inadequado do óleo de cozinha usado é um problema ambiental significativo. É um desperdício não só do ponto de vista ambiental, mas também econômico, pois esse óleo poderia ser reciclado e transformado em biocombustível, uma alternativa sustentável e lucrativa.

Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), 52 milhões de litros de óleo são despejados de forma incorreta todos os anos, o que contribui para o entupimento de esgotos, poluição de águas e aumento do lixo urbano.

Descarte de Óleo de Cozinha: Uma Prática Prejudicial

De acordo com uma pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC), apenas 7% do óleo de cozinha usado na RMF é reciclado para a produção de biocombustível. O restante é descartado de maneira inadequada: 46% entope os esgotos, 39% é jogado no lixo comum e 8% é despejado a céu aberto. Esse óleo poderia ser uma fonte valiosa de biocombustível, um recurso que tem potencial para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e minimizar o impacto ambiental.

Oportunidades Econômicas e Ambientais

Se toda a quantidade de óleo descartada na RMF fosse reciclada, seria possível gerar 4,7 milhões de litros de óleo tratado por mês, o que movimentaria até R$ 9 milhões por ano. A produção de biocombustível a partir de óleo de cozinha usado não só gera uma fonte alternativa de energia, mas também cria oportunidades de emprego e renda para catadores de materiais recicláveis e outras comunidades envolvidas no processo de coleta e refino.

Parceria para a Coleta e Reciclagem de Óleo

Visando melhorar o aproveitamento do óleo de cozinha usado, a Petrobras e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) estão desenvolvendo uma parceria para coletar esse resíduo de forma eficiente. A ideia é instalar reservatórios para óleo usado em condomínios, restaurantes, padarias e hotéis em toda a cidade, promovendo campanhas de sensibilização para encorajar a doação. O objetivo é refinar o óleo coletado e vendê-lo à Usina de Biodiesel de Quixadá, que tem capacidade para produzir 108,6 milhões de litros de biocombustível por ano.

Projeto Piloto e Capacitação

Um projeto piloto já está em andamento com sete cooperativas de catadores de resíduos. A Petrobras investiu na capacitação de 140 pessoas, desde a coleta até o beneficiamento do óleo. A usina de beneficiamento, instalada perto do Aeroporto Internacional Pinto Martins, será inaugurada em breve e terá capacidade para processar 25 mil litros de óleo por mês. Este projeto é crucial para transformar o óleo de cozinha em uma matéria-prima valiosa para a produção de biocombustível, que é uma alternativa mais limpa e sustentável aos combustíveis fósseis.

Desafios e Conscientização

Apesar dos benefícios claros, a maior dificuldade reside na conscientização da população e dos estabelecimentos comerciais sobre a importância da reciclagem do óleo de cozinha. A Petrobras e a Cagece estão se esforçando para firmar parcerias com redes de restaurantes e supermercados, mas ainda há resistência. Sem uma conscientização generalizada, será difícil atingir o potencial máximo da reciclagem de óleo para a produção de biocombustível.

A reciclagem de óleo de cozinha para a produção de biocombustível é uma solução inteligente e sustentável para um problema ambiental significativo. Além de reduzir o impacto ambiental, essa prática oferece oportunidades econômicas valiosas para comunidades locais. No entanto, o sucesso desse projeto depende da conscientização e da participação ativa de toda a sociedade.

A adoção de práticas de reciclagem pode transformar um resíduo problemático em uma fonte de energia limpa e renovável, contribuindo para a proteção do meio-ambiente e o desenvolvimento econômico.

Fonte: O Povo