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Descarte de Pneus Inservíveis: Um Desafio Ambiental e Sanitário na Grande São Paulo

A reciclagem de pneus inservíveis é uma questão crítica em uma sociedade amplamente dependente da locomoção rodoviária. No contexto da Grande São Paulo, onde milhões de veículos circulam diariamente, o descarte inadequado desses pneus representa um problema significativo tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública. Este estudo foca na situação específica dos municípios do ABCD Paulista e Mauá, destacando as práticas e desafios relacionados ao gerenciamento de pneus inservíveis.

pneus inservíveis
A reciclagem de pneus é indispensável em uma sociedade baseada na locomação rodoviária

Impactos Ambientais e Sanitários dos Pneus Inservíveis

Entre os resíduos sólidos gerados pela população, os pneus, classificados como resíduos especiais, têm grande relevância nas discussões sobre impactos ambientais e sanitários. Sua estrutura durável e resistente, projetada para suportar condições adversas, faz com que se tornem difíceis de eliminar nos aterros sanitários. Pneus inteiros não são aceitos em aterros, pois tendem a voltar à sua forma original após a compactação, comprometendo a estabilidade do solo e ocupando grandes espaços que são cada vez mais escassos nas cidades.

Além do impacto físico, os pneus inservíveis quando acumulados, servem como criadouro ideal para o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya, todas amplamente disseminadas no Brasil. O risco de incêndio também é significativo, dado que pneus queimam facilmente, liberando fumaça negra composta por uma mistura de poluentes perigosos, e um material oleoso derivado de petróleo que pode contaminar corpos d’água, tornando a água imprópria para o consumo.

A Situação dos Pneus Inservíveis na Grande São Paulo

O estudo se propôs a quantificar o número de pneus inservíveis nos municípios do ABCD Paulista e Mauá, e a caracterizar a problemática da disposição final desses resíduos. A pesquisa, baseada em levantamento bibliográfico e na aplicação de questionários aos responsáveis pelos serviços de limpeza pública, revelou que a maioria dos municípios carece de programas eficientes para o descarte de pneus inservíveis.

Entre os municípios analisados, apenas Santo André mostrou algum nível de comprometimento com a destinação adequada desses resíduos, realizando coleta seletiva e encaminhando os pneus para reciclagem. Em contraste, municípios como São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema e Mauá não possuem programas específicos de coleta ou destino para pneus inservíveis, resultando em descarte irregular em terrenos baldios, lixões e corpos d’água, agravando os problemas ambientais e sanitários.

Desafios na Estimativa da Geração de Pneus Inservíveis

A pesquisa concluiu que é inviável estimar com precisão a quantidade de pneus inservíveis gerados nos municípios estudados devido à falta de dados básicos nos serviços municipais de limpeza urbana. A ausência de um sistema de coleta estruturado e a prática comum de descarte clandestino dificultam a quantificação desses resíduos. Isso ressalta a necessidade urgente de implementação de programas municipais voltados à coleta, recuperação e destinação final dos pneus inservíveis.

A situação é agravada pelo fato de que os pneus inservíveis não são aceitos na coleta regular de lixo, sendo descartados em locais clandestinos muitas vezes desconhecidos pelas autoridades municipais. Esta prática contribui para a perpetuação dos impactos negativos à saúde pública e ao meio ambiente.

Práticas de Reciclagem de Pneus Inservíveis

A reciclagem de pneus inservíveis é essencial para mitigar os impactos negativos associados ao descarte inadequado. A cidade de Santo André tem implementado uma prática inovadora onde os pneus são picados e misturados a pedras britadas, sendo utilizados no sistema de drenagem de líquidos percolados em aterros sanitários. Essa técnica não só resolve o problema de ocupação de espaço nos aterros como também contribui para o gerenciamento sustentável de resíduos.

A reciclagem de pneus inservíveis pode ser expandida para incluir outras aplicações, como a pavimentação asfáltica, onde os pneus triturados são misturados ao asfalto, resultando em uma camada mais resistente e durável. Essa técnica, já utilizada em diversas partes do mundo, poderia ser adotada em maior escala no Brasil, contribuindo para a redução do volume de resíduos e para a melhoria da infraestrutura rodoviária.

Propostas para Melhorar a Gestão dos Pneus Inservíveis

Para enfrentar os desafios do descarte e da reciclagem de pneus inservíveis, é necessário que os municípios da Grande São Paulo desenvolvam e implementem programas específicos de coleta e destinação desses resíduos. Essas iniciativas devem incluir:

  • Criação de sistemas de coleta diferenciada para pneus inservíveis, com pontos de entrega estabelecidos para os geradores (lojas de serviços de troca de pneus, oficinas mecânicas, etc.) e parcerias com fabricantes e importadores para garantir o encaminhamento dos pneus para reciclagem ou disposição final adequada.
  • Incentivos econômicos e fiscais para as empresas que participarem ativamente na reciclagem de pneus inservíveis, estimulando a criação de um mercado robusto para o reaproveitamento desses materiais.
  • Promoção de pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias para o reaproveitamento de pneus, como a criação de novos materiais a partir da borracha reciclada, que podem ser utilizados em diversas indústrias.

Importância da Inserção dos Pneus Inservíveis na Política Pública

A questão dos pneus inservíveis deve ser tratada como prioridade nas políticas públicas de gestão de resíduos urbanos. Os municípios precisam reconhecer o descarte inadequado desses resíduos como um problema de saúde pública e ambiental, e buscar soluções que não apenas minimizem os impactos negativos, mas também criem oportunidades econômicas através da reciclagem.

A implementação de sistemas eficazes de coleta e reciclagem pode transformar um problema ambiental em uma oportunidade para a geração de emprego e renda, além de contribuir significativamente para a preservação do meio ambiente. Ao integrar a gestão de pneus inservíveis às políticas públicas municipais, será possível avançar em direção a uma economia circular, onde os resíduos são continuamente reaproveitados, reduzindo a necessidade de novos recursos e minimizando os impactos ambientais.

Resultados Obtidos: A Situação dos Pneus Inservíveis nos Municípios da Grande São Paulo

A pesquisa aplicada nos municípios do ABCD Paulista e Mauá revelou dados importantes sobre a situação do descarte de pneus inservíveis nessas regiões. Abaixo, estão os resultados obtidos para cada cidade:

  • Santo André
    • População abrangida: 648.121 habitantes
    • O município de Santo André é o único que realiza a coleta seletiva de pneus inservíveis, enviando-os para o aterro sanitário local. Estima-se que cerca de 150 pneus usados sejam recolhidos diariamente. Esses pneus são desintegrados e utilizados como material de preenchimento nos sistemas de drenagem do aterro.
    • Fonte: Semasa (Secretaria do Meio Ambiente de Santo André) – nov/01
  • São Bernardo do Campo
    • População abrangida: 699.015 habitantes
    • Não há uma estimativa precisa sobre o número de pneus inservíveis abandonados. A cidade enfrenta o problema de descargas clandestinas em áreas desocupadas. Quando esses pneus são encontrados, são recolhidos, picados e enviados ao aterro sanitário da empresa Lara, no município de Mauá.
    • Fonte: Departamento de Limpeza Pública de São Bernardo do Campo – nov/01
  • São Caetano do Sul
    • População abrangida: 140.227 habitantes
    • O município não possui programa de coleta de pneus inservíveis, e não há estimativas sobre a quantidade desses resíduos. Todo o material resultante da coleta domiciliar é enviado ao aterro sanitário da empresa Lara, em Mauá.
    • Fonte: Departamento de Limpeza Pública de São Caetano do Sul – nov/01
  • Diadema
    • População abrangida: 355.867 habitantes
    • A Prefeitura recolhe pneus abandonados pelo município, mas não tem dados precisos sobre a quantidade. Esses pneus eram anteriormente enviados ao Lixão do Alvarenga, em São Bernardo, mas agora são encaminhados ao aterro sanitário Lara, em Mauá.
    • Fonte: Departamento de Limpeza Pública de Diadema – nov/01
  • Mauá
    • População abrangida: 362.399 habitantes
    • A prefeitura de Mauá recolhe pneus em caráter de urgência, e estes são enviados para a empresa SILCON AMBIENTAL, que tritura os pneus antes de enviá-los para o aterro junto com outros resíduos.
    • Fonte: SANURBAM – nov/01
  • São Paulo
    • População abrangida: 17 milhões de habitantes
    • A cidade de São Paulo não possui sistema de coleta de pneus inservíveis, e é proibido enviar pneus velhos para o aterro sanitário Bandeirantes.
    • Fonte: LIMPURB – nov/01

Análise dos Resultados

Os dados coletados revelam uma situação preocupante: apenas Santo André possui um sistema estruturado para a destinação dos pneus inservíveis. Os demais municípios enfrentam desafios significativos, com a ausência de programas específicos para o manejo desses resíduos. O resultado é o descarte irregular em terrenos baldios, lixões e corpos d’água, o que agrava os problemas ambientais e sanitários na região.

O estudo realizado na Grande São Paulo revelou a necessidade urgente de ações coordenadas para o manejo adequado dos pneus inservíveis. A reciclagem desses resíduos não é apenas uma solução ambiental, mas também uma oportunidade para criar valor econômico e melhorar a qualidade de vida nas cidades. Municípios como Santo André já estão na vanguarda desse movimento, mas é crucial que outras cidades sigam o exemplo, implementando políticas e práticas que garantam a destinação final adequada dos pneus inservíveis.

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Ricardo Ricchini
Ricardo Ricchini
Artigos: 198

9 comentários

  1. Bom dia prezada Carla!

    Prezada, somos de uma empresa de transportes em carretas basculantes, nossa matriz esta localizada em Betim MG e temos filiais nos estados de SP, ES, RJ, BA e GO. Gostaria de saber se vocês estão enviando pneus picados para região de minas gerais, e qual seria o processo de cadastro de vocês, pois temos um grande interesse de iniciarmos uma parceria. Certo de sua atenção, antecipo meus agradecimentos e me coloco à disposição.

  2. Vocês também atendem fora da área do ABC e Mauá como funciona o projeto de vocês para remover ou levar até vocês essa seria minha dúvida. Grato pela atenção aguardo retorno .

  3. Ricardo Riccini, no link que você deu para às perguntas anteriores, não remete a um site para às perguntas. A pergunta é: onde compro pneus velhos para artesanato?

    • Oi Eliane. Na verdade, não tenho a resposta. O Brasil é um país gigantesco. Todo dia aparecem novas empresas, enqianto outras encerram suas atividades… E recebo uma enorme quantidade de perguntas. Ou seja, não tenho como saber quem compra, vende, negocia, doa, pede pneus ou qualquer outro tipo de material. Por isso que criei a área de buscas no Setor Reciclagem. Para que o próprio interessado faça uma pesquisa no lugar certo, assim o Google encontra o local baseado na região onde você reside ou trabalha.

      Procure colocar na área de pesquisa “Compro pneus usados”, “Quem vende pneus usados”. Você também pode incluir na pesquisa por termos borracharia, recauchutagem e a região onde mora, para facilitar a busca.

      Conto com sua compreensão.

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